17/03/2010

É bom falar contigo !


Um mês... Passaram já trinta dias desde que tu - ... vês ? ... há coisas que consigo dizer mas que me custam tanto a escrever ! - ...trinta dias desde que o teu coração deixou de bater. Fica assim, então. Um mês em que continuo a sentir-me como se estivesse num sonho terrível, sempre à espera de acordar, naquele estado que varia entre a tantas vezes esforçada hiper-energia e a preguiça que disfarça o desespero de um vazio enorme. Queria tanto poder conversar contigo, explicar-te o que sinto ! É exactamente a constatação dessa impossibilidade que, mesmo repetida todos os dias, continua a atingir-me como um raio, sem pré-aviso, quando estou sózinho e quero contar-te alguma coisa, divertida, chata, uma fofoca, barafustar simplesmente contra a porcaria das papeladas de que é preciso tratar.
Há 30 dias que é isto. Rio, brinco, divirto-me, discuto, chateio-me, faço novos amigos, confirmo velhos companheiros e quando te quero contar isto tudo...descubro que o cacetinho deste vazio, como tu dirias, dói que se farta !
Tenho, sobre a maioria das pessoas que nos rodeavam e provavelmente sentem qualquer coisa parecida, a "vantagem" (olha só a ironia...) de já ter passado por isto.
Sei, por isso, que este vazio nunca vai desaparecer, vai apenas mudar. Aprende-se a viver com isto quando se encontra o espaço que já está reservado cá dentro de nós para quem partiu. Um espaço que é único e intocável, feito das mais belas memórias e por isso mesmo indiscritívelmente bonito. Um espaço onde se continua, para sempre, a ser feliz...Pois, não me gozes, mas se calhar é este o meu conceito esquisito de vida eterna !
É por saber isto que não tenho medo da vida. Choro quando me apetece e não quando devia ou quando me vêem. Exactamente como quando rio : rio quando me apetece mesmo quando não devia e não só quando não me vêem... Vivo. Seria bonito dizer que vivo porque tu assim quererias, espécie de homenagem suprema, muito poética...mas eu sou mais da prosa - e tu sabes isso tão bem ! - por isso digo, simplesmente, que vivo porque sou humano. Vivo, por isso, com alegria e com tristeza, com esperança e com desespero, com prazer e com dor. Sem máscara nem rede como sempre, e com a absoluta certeza - e isto é que é verdadeiramente importante - de que nunca mais nada nem ninguém poderá atingir-te lá no lugar onde tu e eu somos felizes para sempre.
E vou continuar assim, a ser como sou, com "essa estranha mania de ter fé na vida" (como dizia a canção...) a sobrepôr-se a todos os desesperos.
Sei que tenho a tua ajuda para isso e tenho à minha volta alguns amigos que puxam por mim, sem se imporem mas estando presentes, amigos recentes e de mais tempo, alguns percebendo perfeitamente a minha forma de reagir outros nem tanto mas capazes de serem solidários sem reservas.
Dói, custa, mas a malta vai lá... Nós os dois sabemos que sim...e o resto que se lixe !
Que bom que é conseguir conversar contigo !